sábado, 10 de abril de 2010

Para um crime, há sempre um castigo...

Até mesmo para os extraordinários.

É assim que Raskólnikov se julga, diferente por ter a supremacia em seu íntimo para sair impune a um crime. Ele esperava que fosse capaz de passar por cima deste fato sem necessariamente se abalar. Mas ele não foi capaz disso. Como todo ser humano(ordinário), a culpa foi maior que ele.

Achei a obra de Dostoiévski realmente incrível, era um autor que eu totalmente desconhecia, mas adorei ter o prazer de conhecer.


Lendo mais, pude observar o quanto outras obras se espelharam no caso Raskólnikov. Cito os casos do diretor Woody Allen e Heitor Dhalia.
No primeiro, o diretor usa a referência explícita nos filmes, tanto no título (Crimes e Pecados) quanto no roteiro (Match Point e O Sonho de Cassandra).

Em Crimes e Pecados o trocadilho já começa no título, substituindo Pecados por Castigos. Isso mostra que "nem todo crime pressupõe um castigo" (ANAIS DO IX SEMINÁRIO NACIONAL DE LITERATURA HISTÓRIA E MEMÓRIA – LITERATURA NO CINEMA e III Simpósio Gêneros Híbridos da Modernidade – Literatura no cinema. DUSILEK, Adriana (PG-UNESP/Assis); AZEVEDO, Sílvia Maria (Orientadora - UNESP/Assis)). É um assunto até sugerido por Raskólnikov onde mostra que se ele conseguisse passar "livre" por essa consciência, o crime não haveria necessidade de ser 'pago' as leis humanas, tornando-se um pecado perante as leis divinas. E se ampliarmos o assunto quem não reconhece a culpa, dificilmente pode ser preso, nos casos de não haver provas. E quando a culpa passa a ser espiritual, cada um com o seu dogma.

No filme, o personagem se vê na pré-condição de assassino, já que a amante está ameaçando contar a sua esposa a verdade. Ele se vê numa grande questão: pede desculpas a mulher ou contrata um assassino para matar a amante. Isso não sem culpa ou remorso. Ele não é uma pessoa religiosa, mas alguns medos começam a tomar conta dele, pois seu pai judeu dizia: "Nada escapa aos olhos de Deus".

A dúvida dele é respondida quando, em sonho, ele conversa com familiares, sentado á uma mesa. "O assassino será punido se for pego". Agora a questão passa a ser outra: como cometer o crime e viver livre desta consciência? A culpa não passa a ser no ato, mas a longo prazo. Então, como conviver com esta perturbação sem deixar ela te entregar?

Outro filme dele (Match Point) faz referência a todo instante, citando inclusive a obra. O personagem principal resolve ir morar em Londres para tentar a vida como professor de tênis. Ainda no início ele diz que gostaria de fazer algo especial em sua vida, uma contribuição. Ele diz isso justamente após ler Crime e Castigo (é o mesmo pensamento de Raskólnikov). Assim como no filme anterior, ele se ve ameaçado pela amante e resolve mata-la. Para parecer latrocínio, também mata a vizinha do apartamento ao lado.

O mesmo crime acontece no livro. Raskólnikov mata a velha usurária e sua irmã, mas a segunda não fazia parte do plano. Outra ponto semelhante é quando ele rouba as jóias da vizinha e joga no rio, no entanto, uma aliança cai antes. A sorte é que ela apareceu próximo a um homem morto, concluindo que foi ele o assassino.

O terceiro filme (O sonho de Cassandra) é o que mais se aproxima da realização de Raskólnikov, se não fosse pelo fato de os assassinos morrerem. Ian (Ewan Mcgregor) é o projeto de Raskólnikov: por um motivo maior e com a frieza necessária, ele é um homem extraodrinário, pois segue sua vida sem o peso da consciência.

A história é muito semelhante. Os 2 irmãos aceitam cometer o assassinato proposto pelo tio, mas a consciência de 1 pesa mais que a do outro, tornando a ação vulnerável a culpa e a entrega pelo castigo. Um irmão planeja matar o outro, mas os fatos acabam fazendo com que os dois morram.

Woody Allen trabalha com isto algumas possibilidades de resolver o caso de Raskólnikov. Já o cineasta Heitor Dhalia propõe mostrar o terror psicológico vivido pelo personagem em seu filme Nina.

Muitas referências diretas são feitas ao filme, como o ambiente em que se situam os personagens, sua condição de vida, entre outras.

A personagem comete o crime e começa a demonstrar através de desenhos e delírios, mas não acreditam nela e acabam soltando-a. Ele vive em total angústia, mostrado isto inclusive em seu quarto que é repleto de desenhos sombrios.

São releituras da mesma obra, para concretizar possíveis destinos aos personagem Raskólnikov. Depois de ler, podemos pensar melhor: que tipo de ser humano eu sou? O que eu seria capaz de fazer por um bem maior? Napoleão era mesmo um cara memorável por cometer crimes e violar leis desde que suas intenções fossem úteis a humanidade como um todo?


O.o'


Um comentário:

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